Um jantar temático num antigo lagar de varas acompanhado por um espetáculo de artes performativas ou uma prova de queijos num prado na companhia das fornecedoras da matéria-prima. Estas são algumas das propostas da Cluster Senses, o mais recente projeto de Carolina Pires (Carolina), uma ex-professora cuja química pelo turismo e pela região onde nasceu está a torná-la numa empreendedora em série da região.
“O objetivo da Cluster Senses é organizar eventos gastronómicos diferentes em lugares insólitos”, diz Carolina. O primeiro foi o “La.ga.ra.da”, um jantar temático num antigo lagar de varas na aldeia de Telhado, Fundão, confecionado pelo chef Francisco Santos, ex-responsável pela cozinha do conceituado restaurante Larajinha, na Covilhã, e animação do duo Mimabô – Artes Cénicas.
Carolina conheceu o lagar há cinco anos através de Miguel Rainha, um exímio conhecedor do património cultural da região e colaborador do Município do Fundão na área da organização de eventos. “Fiquei imediatamente fascinada com o local e imaginei logo que seria um bom local para um evento temático sobre o azeite”, confessa. “O bichinho de organizar algo do género nasceu ali, naquele momento”, diz. Porém, naquela altura, as estrelas ainda não estavam devidamente alinhadas.
Após doze anos a exercer a docência nas Caldas da Rainha, Carolina regressou às origens em 2017 para concretizar o projeto “Lugar nas Estrelas”, um alojamento localizado no Peso, Concelho da Covilhã, que foi o primeiro alojamento nacional a obter certificação da Fundación Starlight. Pouco depois, o mundo via-se a braços com uma pandemia que infetou a economia e em particular o setor do turismo, mas quando abundavam os problemas, Carolina vislumbrou a oportunidade de se lançar no serviço de gestão de alojamentos com a donno.
“A donno nasce quase a pedido”, conta. Nos grandes centros, onde o alojamento local é abundante, os serviços de gestão são muito comuns, ao contrário do que acontece no interior do país onde são praticamente geridos pelos proprietários, uma realidade que o contexto da pandemia alterou e a empresária agarrou a oportunidade. “Pediram-me para gerir outras casas e eu decidi avançar para a criação do serviço”, justifica.
Com o negócio do alojamento já maduro e o de serviços de alojamento a crescer, Carolina decidiu avançar para a criação de eventos “fora da caixa”, ainda que encaixados na cultura da região. Com a ajuda de Vera Gonçalves, uma velha amiga e colega de curso na Universidade da Beira Interior, com dotes criativos e jeito para a decoração, apresentaram o projeto ao Município do Fundão na busca de conseguir uma parceria. Correu bem.
Do pitch saiu uma parceria com município que consiste na realização de um conjunto de eventos ao longo do ano. O “La.ga.ra.da” foi o primeiro. Seguiu-se o “Showcooking - Sabores Que Empreendem”, na Praça Municipal do Fundão, onde os participantes foram convidados pelo chef Francisco Santos a usar os produtos vendidos no mercado de uma forma mais sofisticada: confecionar bolos em frascos. E, já em março, também no mercado do Fundão, celebrou-se a primavera com “Flower Power”, um showcooking de bolachas com flores comestíveis, também dinamizado pelo chef Francisco Santos, ao qual se seguiu um concerto de “acordes florais” com o professor Flávio Damião, do Conservatório Regional de Castelo Branco.
A experiência de Carolina diz-lhe que o sucesso do negócio fica mais fácil se a Cluster Senses criar uma rede de parceiros que traga valor acrescentado para ambas as partes. O chef Francisco Santos e o Município do Fundão são dois deles. “Nós gostamos muito do chef Francisco Santos porque ele conhece muito bem os produtos da região e ele de nós por causa da criatividade dos eventos”, diz. Já sobre a parceira com o município, “é fundamental para nós porque permite testar o conceito durante um período longo e perceber o que funciona melhor e acrescenta valor e diversificação à agenda do município”, justifica. E estas, são apenas as primeiras.
A Cluster Senses está aberta a novos projetos. Além dos eventos próprios, serviços de catering e receções, as fundadoras gostam de ouvir novas ideias. Há apenas uma condição: terão de ser: insólitas, sensoriais, inovadoras e tradicionais. Se cumprirem, poderão ter a assinatura Cluster Senses.
iNature | Cluster Senses | maio2024