Quem passar na Estrada Nacional 238 (EN238), a caminho de Oleiros, ou no sentido inverso, dificilmente ficará indiferente à estrutura de betão que se debruça sobre o desfiladeiro da ribeira das Casas da Zebreira. Da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira, o Miradouro do Zebro parece um ovni que aterrou ali para os extraterrestres contemplarem a paisagem. E não seria de admirar se assim fosse.
A 837 metros de altitude, o Miradouro do Zebro não só proporciona uma vista panorâmica deslumbrante sobre a Serra do Muradal, como conta parte da história da região e da Terra.
O Miradourto do Zebro situa-se na EN238, próximo de Estreito, no concelho de Oleiros. Saiba como chegar a partir da sua localização.
O território que se vislumbra do MIradouro do Zebro tem uma enorme importância histórica pelo papel que desempenhou na linha de defesa aquando das invasões francesas, e o local do miradouro sempre foi valorizado pelas populações locais. Era (e ainda é) um local de eleição para picnics e romarias das gentes locais, como atesta um painel informativo no local, e o nome é a marca deixada por um habitante de outrora da região.
O Zebro era uma espécie de cavalo selvagem que viveu na Península Ibérica até ao século XVI. Consta que seria da linhagem do cavalo Sorraia. Teria parecenças com o burro, mas de dorso branco e riscas cinzentas, e mais alto, forte e veloz que o asno doméstico.
Nos locais onde foi abundante, conservam-se vários topónimos relacionados com esta espécie de zebra que outrora deambulava pela região. Zebreira, Casas de Zebreira e Zebro, no concelho de Oleiros, são alguns exemplos.
Mas, o Miradouro do Zebro e a região que o circunda é sobretudo um marco de elevada importância geológica, fator fundamental para que a Serra do Muradal fosse integrada no Geopark Naturtejo.
912 metros é a altitude máxima da Serra do Muradal.
A paisagem observada do Miradouro do Zebro é parte do Pinhal Interior, a região mais densamente arborizada de Portugal Continental. Com cerca de 5500 quilómetros quadrados de área, é o pulmão de Portugal. Mas este é o presente e o passado recente de uma paisagem que começou a ser esculpida há mais de 400 milhões de anos.
Na Era Paleozoica, há cerca de 600 a 400 milhões de anos, este território era o fundo de um oceano, onde se depositaram sedimentos que foram enrugados e elevados por forças compressivas originadas pela colisão dos continentes que formaram o supercontinente Pangeia.
Este evento geológico deu origem a grandes cordilheiras montanhosas. Uma delas é a cordilheira dos Apalaches que foi rasgada pelo Oceano Atlântico há cerca de 200 milhões de anos, e a Serra do Muradal faz parte dela.
As cristas e fragas de rocha quartzítica visíveis do Miradouro do Zebro são nada mais do que falhas geológicas, cicatrizes da história da Terra. São elas, a Falha de Vilar Barroco – Fajão, a Falha de Taliscas, a Falha de Cascalho e a Falha de Pé da Serra – Cartamil.
O miradouro tem clarabóias que permitem ver as profundezas do desfiladeiro.
Junto ao Miradouro do Zebro passa uma das mais emblemáticas rotas pedestres do Centro de Portugal, a GR38 - Grande Rota do Muradal – Pangeia, Trilho Internacional dos Apalaches. São 37km divididos por três trilhos lineares que podem ter início ou fim em três aldeias da região – Estreito, Sarnadas de São Simão, Vilar Barroso e Orvalho.
Fazer qualquer um destes trilhos é viajar ao passado da Terra, aos tempos do supercontinente Pangeia, e é a melhor forma de conhecer esta bela região repleta de história e natureza. Passe por lá.
Fonte Wikipedia, Município de Oleiros, Junta de Freguesia de Estreito e Vilar Barroco | Fotos iNature | Setembro de 2024.