Britando ou abutre do Egito e cima de uma rocha

Britango ou Abutre do Egito. Foto: Reserva da Faia Brava.

OBSERVAÇÃO DE AVES - SERRA DA ESTRELA, SERRA DA MALCATA E VALE DO CÔA

A primavera está a chegar e com ela as temperaturas amenas e a melhor época para a observação de aves. Cantam, dançam, cumprem rituais e fazem acrobacias. Para quem gosta de fotografia, a época de acasalamento é uma das melhores para apanhar as aves em poses fotogénicas e artísticas.

Equipe-se a rigor, com vestuário leve e pouco barulhento, limpe a máquina, as objetivas e o tripé (pode dar jeito) e liberte o fotógrafo que há em si. Eis alguns dos melhores locais para a observação de aves na Nossa Natureza, as rotas pedestres que passam por lá (ou na proximidade) e os “modelos” que poderá encontrar.

lago vale do Rossim, na serra da estrela

Lago do Vale do Rossim. Locais com água e árvores são sempre ricos em avifauna.

Parque Natural da Serra da Estrela

Dada a extensão do seu território e sobretudo à altitude, a Serra da Estrela permite várias abordagens aos adeptos da observação de aves. No sopé, é provável encontrar espécies como o andorinhão-pálido, a andorinha-dáurica e o rabirruivo-preto.

Já nas zonas de altitude intermédia, caracterizadas por áreas florestais mais densas, a felosa-de-papo-branco, a felosa-poliglota, o chapim-carvoeiro e a estrelinha-real são os modelos mais comuns. Ainda neste patamar, mas em zonas mais abertas e arbustivas, a toutinegra-do-mato e a ferreirinha são bastante comuns.

Por fim, acima dos 1500 metros de altitude, há menos árvores e, em consequência, menos espécies de aves. Todavia, é possível avistar várias aves de rapina, espécies que também vagueiam pelos patamares inferiores (ferreirinha e o rabirruivo-preto).

Todavia, há mais aflorações rochosas e algumas espécies que gostam deste tipo de terreno. O melro-das-rochas, a andorinha-das-rochas, a laverca e a petinha-dos-campos são algumas delas.

Palcos de observação

  • Vale do Rossim
  • Covão da Ponte
  • Covão d’ Ametade
  • Planalto da Torre
  • Cântaro Magro
  • Nave de Santo António

 

Rotas recomendadas

PR11 SEI – Rota Vale do Rossim
Tem início na Albufeira do Vale do Rossim, um lugar que devido ao lago e aos bosques que o circundam é um habitat perfeito para a avifauna. Esteja atento, o melro-mergulhador deve andar por lá. Ao longo do percurso até à aldeia do Sabugueiro, o trilho junta-se várias vezes ao leito da ribeira de Fervença, onde também deverá haver muita atividade. É uma rota linear e exigente fisicamente. A parte boa é que é sempre a descer.

Melhor época: Primavera

PR6 MTG – Rota do Glaciar
É uma rota linear que passa pelos três patamares de altitude da serra e por três locais excelentes para a observação de aves, a Torre, o Covão d’Ametade e a Nave de Santo António, continuando depois pelo Vale Glaciar do rio Zêzere até à vila de Manteigas.
É também uma rota exigente fisicamente devido aos seus mais de 17 km de extensão.

Melhor época: Primavera

paisagem da reserva natural da serra da malcata

Serra da Malcata possui matos e bosques ótimos para a observação de aves.

Reserva Natural da Serra da Malcata e Vale do Côa

É uma sugestão que mistura natureza, natureza e ornitologia. A Reserva Natural da Serra da Malcata foi constituída em 1981 com o intuito de proteger o habitat do lince-ibérico. Não foi a tempo, o felino deixou a região há décadas, mas o trabalho de recuperação da espécie está a dar frutos – ver: Conhecer o Lince Ibérico –. Têm sido avistados exemplares no sul de Portugal e em Espanha e segundo os resultados do Censo de Lince-ibérico realizado em 2022, a sua população deverá rondar os 1700 exemplares.

No entanto, apesar da ausência do felino, a Serra da Malcata e em particular a região circundante à cidade do Sabugal oferecem ótimos locais para a observação de aves. Um deles é Sortelha.

Esta pitoresca Aldeia Histórica de Portugal, com as suas casas em granito e o seu castelo roqueiro, é um bom local para “apanhar” o melro-azul. Ele gosta de fazer o ninho nos buracos que se formam nas juntas das pedras.

A leste da cidade, na área de Aldeia da Ponte, há áreas de carvalho-negral bem preservadas, ideais para observar o papa-figos e a felosa-de-bonelli e outras espécies mais comuns. Este local é também notável pela observação de aves de rapina, incluindo o bútio-vespeiro, a ógea e o milhafre-real.

Deslocando-se um pouco para noroeste, em direção a Vilar Maior, o castelo local merece uma visita não só pela sua grande colónia de andorinhão-preto, mas também pelas oportunidades de observar o melro-azul e o pardal-francês. Ali perto está o Vale Carapito, uma das reservas da Rewilding Portugal, um projeto que importa conhecer.

Mais a norte, o Vale do Côa levanta outras possibilidades. É região de abutres como o grifo, o britango (abutre-do-Egito) e do mais escasso abutre-preto, entre outras aves de rapina e de grande porte. Um dos bons locais para observar estas majestosas aves é a Reserva da Faia Brava. Passe por lá. É mais um projeto de conservação regenerativa da natureza que deve ser visto, de preferência, na companhia de um técnico da reserva.

Rotas recomendadas

Percurso do Espírito Santo
Com pouco mais de 4 km de extensão, é uma rota que se faz em pouco mais de uma hora e meia. Caracterizada por áreas de matos, lameiros e searas, é habitat de mais de uma centena de aves, segundo os registos da plataforma ebird.

Melhor época: Primavera

Grande Rota do Vale do Côa Etapa 9 – Cidadelhe - Algodres
É uma das onze etapas da Grande Rota do Vale do Côa, uma zona de excelência para a observação de aves de rapina e abutres, com o extra de parte do percurso passar por dentro da Reserva da Faia Brava.

Melhor época: Primavera

@iNature | Observação de aves | março 2024

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Faia Brava, Reserva de Valor