Carlos Costa, Coordenador do Departamento de Turismo da Universidade de Aveiro

Carlos Costa, professor na Universidade de Aveiro, é uma referência nacional no estudo e investigação do setor do turismo.

“PORTUGAL PRECISA DE TER UM MINISTÉRIO DO TURISMO..."

É uma referência nacional no estudo e na investigação do turismo. Professor Catedrático na Universidade de Aveiro, onde é responsável pelos departamentos de Economia, Gestão, Engenharia Industrial e Turismo, e coordenador da Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas, Carlos Costa acredita que “o turismo vai continuar a crescer em Portugal e no Mundo”, mas aponta os caminhos para o desenvolver de forma sustentável. Numa conversa com a iNature, onde revela frontalidade, realismo e um sentido de humor e ironia perspicazes, elege o Covid como o elemento de regionalização e descentralização mais eficaz que Portugal teve até hoje. Explica porque o país precisa de um Plano Nacional para o Turismo como teve entre 1987 e 1989. E, sobre o mais recente estudo que coordenou para o Turismo de Portugal sobre o mercado de trabalho no setor, aponta para a necessidade da reinvenção das profissões no setor. “As pessoas gostam muito de trabalhar no turismo, mas não estão para ganhar 800 euros por mês”, remata.

O setor do turismo registou um crescimento impressionante na última década. Ficou surpreendido com a magnitude da dinâmica?
Não me surpreendeu rigorosamente nada. Ninguém pode ficar surpreendido com o crescimento do turismo, tanto a nível mundial como nacional. O turismo é um fenómeno fundamentalmente macroeconómico que está relacionado com a melhoria dos padrões e da qualidade de vida das pessoas. O que está a acontecer é que as pessoas têm cada vez mais dinheiro, mais tecnologia e mais formação, o que lhes permite suprir mais rapidamente as necessidades básicas e libertar dinheiro para as áreas de recreio e lazer. É por isso que o turismo está a crescer e vai continuar a crescer, em Portugal e no mundo.

Quais foram as linhas gerais que levaram a tamanho crescimento do setor em Portugal?
Houve uma linha externa e uma interna. Do lado externo, Portugal beneficiou da tendência mundial e da instabilidade social e política nos países à volta do Mediterrâneo. Primeiro nos países do Norte de África, depois na Turquia e até em países como Espanha e Grécia, onde houve grandes perturbações sociais durante o período da Troika.
Depois, internamente, o país beneficiou de uma característica que antes era considerada negativa. Durante muito tempo, Portugal foi visto como um país de gente calada, tímida e acanhada, características que eram vistas como negativas. A garra dos espanhóis e dos gregos, que falavam alto e que se afirmavam, era mais valorizada, mas esta perceção mudou com o contexto externo e Portugal começou a afirmar-se como um país tranquilo, de gente humilde, mas sensata e que gosta de receber. Paralelamente, o país cresceu e modernizou as suas infraestruturas e os seus equipamentos e tornou-se um destino apetecível a nível mundial.

"Costumo dizer, em jeito de ironia, que após décadas de políticas de desenvolvimento regional ineficazes, de uma maneira geral, o elemento de regionalização e descentralização mais forte que tivemos até hoje foi o Covid, porque empurrou as pessoas para as áreas de baixa densidade."

Pelo caminho tivemos uma pandemia que veio alterar alguns hábitos ou padrões de consumo. Entre eles esteve o aumento da preferência por destinos menos massificados e o interior do país beneficiou muito com isso. Esta mudança de comportamento foi uma mera adaptação àquela conjuntura ou é uma tendência que veio para ficar?
Durante a pandemia, os aeroportos fecharam e em áreas de turismo internacional como Lisboa, Porto e Faro, o turismo colapsou. Em contrapartida, nas zonas do interior, de menor densidade turística e populacional, a procura aumentou. Como é óbvio, ninguém deseja que volte a acontecer e eu não faço a apologia da pandemia, de forma alguma, mas a verdade é que nunca tivemos um turismo tão bom na Serra da Estrela, no interior alentejano e na região de Ponte de Lima e no Douro, por exemplo. Costumo dizer, em jeito de ironia, que após décadas de políticas de desenvolvimento regional ineficazes, de uma maneira geral, o elemento de regionalização e descentralização mais forte que tivemos até hoje foi o Covid, porque empurrou as pessoas para as áreas de baixa densidade.

Professor Carlois Costa (à dir.)

Prof. Carlos Costa não acredita que os comportamentos regressem à era pré-pandemia.

Será que esse padrão se vai manter no futuro?
Eu acho que pode ser aproveitado. As pessoas esquecem-se rapidamente e voltam aos hábitos anteriores. Gostam de aglomerações, de estar uns com os outros, de verem e serem vistos, o turismo funciona muito por aí, mas, ao mesmo tempo, o Covid despertou uma maior consciência ambiental e uma sensibilidade que o país deve aproveitar e cavalgar.

Os comportamentos e os hábitos não regressarão à era antes do Covid?
Não, de forma alguma, porque todos nós ficámos com cicatrizes do Covid. Apesar de gostarmos de aglomerações, o Covid provocou-nos um trauma. Isto parece psicanálise, mas é assim mesmo. Ficámos com um trauma em relação às aglomerações e isto é algo que nos vai marcar para o resto da vida. Não creio que os comportamentos regressem à era pré-Covid.

OS DESAFIOS QUE SE IMPÕEM AO TURISMO

Apesar de ter muitos pontos positivos, o turismo também tem alguns pontos negativos. Na sua opinião quais são os principais desafios do turismo para o futuro em termos de sustentabilidade do setor?
Nós medimos a sustentabilidade em várias vertentes. Há sustentabilidade económica, ambiental e uma sustentabilidade social e patrimonial. É fundamental que encaremos a sustentabilidade económica porque temos áreas onde o turismo é residual e áreas onde temos fenómenos excessivos de aglomeração.

Antes do Covid falava-se em overtourism – excesso de turismo – em Lisboa e no Porto, por exemplo, e eu até organizei um seminário aqui em Aveiro sobre o tema. Foi um tanto ou quanto provocatório. Dantes saía-se em Aveiro e nem um café aberto havia e agora, os centros das cidades estão iluminados com uma vida que é excecional, mas há quem se queixe que o centro da cidade tem demasiada gente.

Sim, a sustentabilidade económica é fundamental, mas, associada a esta e também central, é a sustentabilidade social. Sobretudo quando se ouvem inúmeras vozes críticas sobre o suposto excesso de turismo em determinados locais. Há algum exagero e dramatização nestas críticas que é preciso combater. As pessoas esquecem-se dos postos de trabalho e das empresas criadas devido ao turismo. São críticas muito facciosas.

A outra dimensão é a ambiental e, embora o turismo não destrua nada, é uma área onde temos de ter muito cuidado. Se houver demasiada gente num determinado local, há um problema de gestão que é necessário resolver. É preciso uma boa gestão dos fluxos turísticos no litoral, nas praias, mas em particular nos ecossistemas naturais, nas áreas protegidas como os parques e as reservas naturais.

"...o turismo não pode ser uma atividade meramente de lazer, não pode ser só férias, tem de ser uma atividade que contribua para a qualificação e para a vida das pessoas, tem de sair de si mesmo e entrar nos outros setores."

E no segmento do turismo de natureza e, em particular, na região centro. Quais são os grandes desafios que vislumbra para o futuro?
O grande desafio é conseguir desenvolver o turismo de acordo com a capacidade de carga dos ecossistemas. A academia usa dois jargões que são a capacidade de carga e os limites aceitáveis de mudança. São duas áreas muito estudadas e para as quais estamos sempre a olhar. Durante a pandemia fui convidado pela Comissão Europeia para fazer um estudo sobre as implicações daquela conjuntura nos financiamentos do FEDER e dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Foi-me pedido um relatório sobre o que poderia ser mudado, para não ser mais do mesmo, e o que é dito nesse estudo é que o turismo não pode ser uma atividade meramente de lazer, não pode ser só férias, tem de ser uma atividade que contribua para a qualificação e para a vida das pessoas, tem de sair de si mesmo e entrar nos outros setores.

Tem de ser sistémico?
Exato, e ser sistémico e abordado numa perspetiva holística. O turismo tem de contribuir para a gestão e o ordenamento das florestas. Nós sabemos que temos fogos florestais porque as florestas estão abandonadas, porque não geram riqueza, e o turismo pode ter aqui um papel importante.

A agricultura é outro elemento importante. As pessoas quando viajam querem aproveitar a gastronomia, que é uma das grandes áreas do turismo, e o turismo pode ser um elemento de pressão da agricultura para que as pessoas consumam os produtos endógenos. Se isso acontecer, conseguiremos ter capacidade de reagir nas áreas dos produtos tradicionais, dos ofícios tradicionais e da construção civil, por exemplo. O turismo tem de ter capacidade de acionar e de levar desenvolvimento aos outros setores. Esse é o grande desafio que nos espera.

"Não quero assustar ninguém, mas nós não temos política de turismo em Portugal há muitos anos. Esta é a realidade. O que temos são políticas que apoiam o desenvolvimento e a expansão dos fluxos turísticos no nosso país, o que é diferente."

E como é que isso se faz?
Com visão e com políticas para o turismo. Não quero assustar ninguém, mas nós não temos política de turismo em Portugal há muitos anos. Esta é a realidade. O que temos são políticas que apoiam o desenvolvimento e a expansão dos fluxos turísticos no nosso país, o que é diferente. Uma política de turismo não pode ser direcionada apenas pelo lado da procura. É preciso ter uma política específica para atrair turistas para o país, porque precisamos deles e há espaço para mais, mas esta política pelo lado da procura tem de ser acompanhada por uma política pelo lado da oferta. E, para isso, precisamos de ter um planeamento lado a lado entre as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, os Planos de Desenvolvimento Regional, o ordenamento do território, a agricultura, a energia e as florestas. Nós não temos isto, e é por isso que eu digo que não temos uma política na área do turismo.

Só entre 1987 e 1989, através do Plano Nacional de Turismo criado pelo então Secretário de Estado, Licínio Cunha, é que Portugal teve uma verdadeira política de turismo em Portugal. Aquilo sim, era uma política de turismo porque conjugava o lado da procura com o lado da oferta.

"Portugal precisa de ter um Ministério do Turismo para conceber e coordenar uma política de turismo com os outros ministérios."

Isso implica uma interligação muito grande entre várias entidades públicas nacionais, municipais, intermunicipais entre outras. Acha possível esse entendimento?

Claro que sim. Veja que a política do ambiente não é só do ambiente, é uma política horizontal a vários ministérios trabalhada pelo Ministério do Ambiente. Portugal precisa de ter um Ministério do Turismo para conceber e coordenar uma política de turismo com os outros ministérios.

pessoas à varanda de um prédio

Prof. Carlos Costa (ao meio) em São Luís, Maranhão, Brasil, no Fórum ABRATUR 2023.

FALTA CULTURA DE AUTO-AVALIAÇÃO

Sobre a relação entre a academia, as empresas e as entidades públicas. Considera que se está a aproveitar todo o potencial de conhecimento disponível ao serviço da inovação e do desenvolvimento de novos produtos turísticos?
Eu diria que todo não está, mas está-se a fazer um caminho. Por exemplo, nós temos na Universidade de Aveiro (UA) um programa doutoral em Turismo onde temos tido inscrições de muitos quadros de entidades regionais, presidentes, técnicos de câmaras municipais, e até órgãos da administração nacional, o que me leva a afirmar que há um caminho grande e consistente de pessoas de um certo valor que vêm trabalhar connosco e o inverso também acontece. A UA esteve sempre muito ligada às empresas e às organizações e os inúmeros projetos que temos feito e que temos em curso são o reconhecimento dessa ligação.

As pessoas têm vindo a fazer esse caminho, agora, em termos institucionais, ainda há muito para andar. Enquanto lá fora, a distância entre o conhecimento e o mundo empresarial é cada vez menor, aqui, se formos ver a composição dos órgãos das entidades regionais e dos órgãos nacionais do turismo, que falam sistematicamente de informação, desenvolvimento e conhecimento, não vemos lá as universidades, os politécnicos, uma escola que seja, quando nós devíamos ter estratégias lançadas numa interface entre o mundo empresarial e os centros de conhecimento.

Na ligação entre as várias entidades com responsabilidade no turismo, qual é a importância da abordagem dos PROVERE dentro desse panorama?
Eu tenho uma impressão muito boa dos PROVERE. Os PROVERE foram um tubo de ensaio muito feliz para selecionar e criar programas integrados que abanaram e lançaram novos produtos. As Aldeias Histórias de Portugal, as Aldeias do Xisto, o Termas Centro e o iNature, são todos programas excecionais que têm vindo a lançar ações na perspetiva sistémica que falámos há pouco. Os PROVERE são um bom instrumento para construirmos a tal política de Turismo para o país, porque têm uma abordagem horizontal e integrada.

Tem existido um forte investimento público no setor do turismo, em várias vertentes. Na sua perspetiva, os impactos deste investimento são devidamente monitorizados?
A resposta à sua questão é “não são”. Nem é medido o impacto do investimento no turismo, nem é medido o impacto de outros investimentos noutros setores. Posso dizer-lhe que tenho ali nas minhas prateleiras o estudo de avaliação dos quadros comunitários, os QCA – Quadros Comunitários de Apoio (QCA, QCAII e QCAIII) que fizemos há uns anos, mas o que acontece é que o investimento público raramente é monitorizado, o que é um disparate porque, obviamente, devemos corrigir estratégias sempre que se mostre necessário. Devia-se fazer uma avaliação ex ante – antes do facto – e uma ex post facto – depois do facto, mas, efetivamente, não é uma prática que tenhamos.

É uma questão de cultura do nosso país?
Sim, e também porque existe abundância de recursos.

Mas os fundos comunitários vão reduzir-se no futuro, com a entrada de novos países para a União Europeia.
Eu não fico feliz por dizer isto. No tempo das velhas regiões do turismo, que eram 17, era muita gente e o funcionamento nem era o melhor, mas as universidades e os politécnicos estavam nas comissões regionais. Mas quando criaram as entidades regionais de turismo deixaram de ter presença, talvez porque às vezes questionavam e diziam que era preciso fazer estudos, mas a lógica passou a ser a de que já se sabe tudo, não é preciso estudar nada. E pronto, não vou comentar mais isso.

homem num púlpito a falar para uma plateia

Prof. Carlos Costa na apresentração do estudo "Mercado de Trabalho no Turismo"

A NECESSÁRIA REINVENÇÃO DO TRABALHO NO TURISMO

Coordenou recentemente um trabalho para o Turismo de Portugal sobre o mercado de trabalho no setor do Turismo. Quais foram as principais conclusões desse trabalho?
As conclusões mais importantes são aquelas que as pessoas já tinham consciência, mas não tinham evidência como foi demonstrado. Recordo que nunca tinha sido feito em Portugal um estudo como este. Foram quase cinco mil questionários, o que significa que os resultados que saíram deste trabalho são robustos e fidedignos.

Entre as principais conclusões estão os salários pagos no setor. São baixos?
Sim. O estudo revelou que as novas gerações gostam muito do setor do turismo para trabalhar, mas não estão para ganhar 800 euros por mês. É também um setor que tem um salário emocional reduzido. No turismo é necessário trabalhar fora de horas, não é um emprego das nove às cinco, é preciso trabalhar na época alta, aos fins-de-semana, e as pessoas querem cada vez mais, e ainda bem, ter qualidade de vida, chegar ao final do dia de trabalho e ir ao ginásio, sair com os amigos, querem ter os fins de semana para si, ou seja, o salário emocional, que é definido como o equilíbrio entre a atividade profissional e a vida pessoal e familiar, não é atrativo.

"O estudo revelou que as novas gerações gostam muito do setor do turismo para trabalhar, mas não estão para ganhar 800 euros por mês."

Disse numa conferência onde esteve recentemente que o trabalho no turismo é pouco reconhecido. É também uma conclusão do estudo?
Tem a ver com uma terceira conclusão também relacionada com a componente social, o reconhecimento social da profissão. A maior parte das pessoas acha que a maior parte das pessoas que trabalha no turismo são criados, um termo que era muito usado no tempo dos nossos avós porque havia criados em casa, nos restaurantes, mas hoje a palavra criado assusta e está associada ao servilismo e às baixas qualificações, o que pesa na decisão de procura de emprego no setor. Agora começa a surgir algum reconhecimento. Por exemplo, um cozinheiro passou a ser um chef e devido à área tecnológica que vivemos, o turismo já não é sobretudo braçal, como era antes, está mais tecnológico e isso também contribuiu para o reconhecimento do emprego no setor.

A falta de mão-de-obra de que os empresários se queixam tem vindo a ser suprida pela integração de profissionais de outras latitudes no setor. Esta realidade coloca algum desafio à autenticidade do serviço e do produto turístico que é o nosso país?
Não me leve a mal, mas essa é uma pergunta perigosa. Há duas dimensões. A primeira é que o turismo é dos setores mais internacionalizados, não faz sentido que nós tenhamos uma política de fronteiras fechadas. O país precisa de mão-de-obra e se os mais jovens não querem trabalhos que requerem menores níveis de qualificação temos de aceitar quem queira, sejam eles brasileiros, cabo-verdianos ou de qualquer outra nacionalidade.

A outra dimensão é que não nos faltam jovens qualificados e interessados no setor. Há 700 cursos na área do turismo em Portugal e a proporção de técnicos na área é excecional. Nós estamos com uma força de trabalho formada que é excecional, só que depois eles emigram ou vão para outras profissões.

"O futuro passa por criar gestores de hospitality – hospitalidade. É por aí que resolveremos o problema dos baixos salários, das baixas qualificações e será também por aí que aumentaremos a baixa produtividade do setor."

Porquê?
Porque são qualificados e o setor ainda vai muito atrás, especialmente a hotelaria e a restauração, onde a maior oferta de emprego recai sobre tarefas repetitivas como lavar pratos, fazer camas e limpezas, trabalhos que requerem menos qualificações e, como tal, os salários são mais baixos.

Nós estamos neste momento num ponto de confluência, e isto é uma discussão que é preciso trazer para cima da mesa com toda a coragem. Se queremos que o turismo do futuro seja este, o do trabalho repetitivo, estamos a dizer aos nossos jovens qualificados que não os queremos, e isto não é bom para o país. Interessa-nos que os nossos filhos tenham uma dimensão intelectual, de conhecimento e social elevadas e, portanto, o que temos de fazer é começar a reinventar as profissões nesta área.

Pode explicar melhor essa necessidade de reinvenção?
Eu sei que quando digo isto está um conjunto de pessoas na plateia que diz que é conversa teórica de um professor, que a realidade é diferente, mas não é. Dantes, quando íamos a um banco tínhamos uma pessoa, o caixa, a quem nós entregávamos o dinheiro para depositar ou a quem solicitávamos um levantamento de dinheiro, a função dele era contar dinheiro e carimbar um papel, o comprovativo. Hoje, quando vamos à banca verificamos que essas pessoas foram substituídas por máquinas e aquelas que estão lá são pessoas altamente qualificadas, são gestores, consultores. O turismo tem de seguir este modelo.

O que era o grande glamour de estar sentado à mesa e ser servido pelos criados já não é apreciado pelas novas gerações. O que as novas gerações querem e privilegiam é chegar à hora do almoço ou do jantar e ir para a cozinha falar com quem está a fazer as refeições, falar com quem os recebe para saber quais os melhores sítios para visitar, os melhores restaurantes para comer. O futuro passa por criar gestores de hospitality – hospitalidade. É por aí que resolveremos o problema dos baixos salários, das baixas qualificações e será também por aí que aumentaremos a baixa produtividade do setor.

@iNature | janeiro 2024.