desenho de lince ibérico no centro de interpertação da malcata

Entrada do Centro de Interpretação do lince-ibérico, Malcata - Sabugal.

CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DO LINCE-IBÉRICO, MALCATA

Foi devido ao Lince-Ibérico que a Reserva Natural da Serra da Malcata foi criada em 1981, mas para compreender esta ligação do felino à região, é fundamental visitar o Centro de Interpretação do Lince-Ibérico, na aldeia de Malcata.

Mais do que simplesmente ver e simplesmente contemplar, é importante compreender as dinâmicas de uma região para melhor as intepretar. É nesta ótica que têm surgido nos últimos anos os Centros de Interpretação. Atualmente são mais de vinte e estão quase sempre associados a áreas protegidas ou classificadas. O Centro de Interpretação do Lince-Ibérico da Malcata é um dos mais recentes.

Inaugurado em junho de 2022, o Centro de Interpretação do Lince-Ibérico da Malcata situa-se na Malcata, uma aldeia que além de dar nome à serra onde está inserida é uma espécie de centro natural da região. Como o nome indica, o Centro está orientado para a divulgação do lince-ibérico e do papel que este felino em risco de extinção desempenhou na Serra da Malcata.

Ali, é possível conhecer a ecologia e o comportamento do Lince-ibérico, os seus habitats e as grandes ameaças à sua sobrevivência, mas também quais as medidas de proteção e conservação em curso para evitar a extinção do felino da Península Ibérica. A criação da Reserva Natural da Serra da Malcata foi uma dessas medidas, mas são várias as mais recentes e com resultados muito positivos.

POPULAÇÃO

Estima-se que existam 200 exemplares de lince-ibérico a habitar em território nacional.

folheto da campanha salvem o lince da malcata

Folheto da campanha para salvar o lince-ibérico da Serra da Malcata.

População do lince-ibérico em recuperação

O lince-ibérico é uma espécie emblemática porque é o único grande mamífero carnívoro endémico da Península Ibérica, mas durante o século XX várias das suas populações registram diminuições acentuadas de indivíduos levando à sua quase extinção. Entre as principais causas do declínio esteve a diminuição da população de coelho-bravo, uma das princpais fontes de alimentação do felino. mas também à degradação dos seus habitats.

Para evitar esse processo de extinção que seria o primeiro de um felino na Europa, em 1979, o lince-ibérico foi alvo de uma campanha de reconhecimento da espécie em Portugal realizada pela Liga para a Proteção da Natureza e o Instituto da Conservação da Natureza - atual ICNF. A "Salvemos o Lince e a Serra da Malcata" foi um sucesso, tendo recolhido mais de 46 mil assinaturas. Dois anos mais tarde, a Serra da Malcata era reconhecida como um dos últimos refúgios naturais do lince-ibérico em Portugal e era criada a Reserva Natural Parcial da Serra da Malcata.

Infelizmente, o regime de proteção não foi a tempo de evitar o desaparecimento do felino daquela região. Em 2002 estimava-se que existissem apenas 52 exemplares a viver na natureza e, até 2015, o felino esteve classificado na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza como Espécie Criticamente em Perigo de Extinção.

Atualmente, fruto de iniciativas como o "Programa Lince" e a criação, em 2010, do Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CRNLI), em Silves, onde já nasceram 136 crias, a esperança em torno da recuperação da população aumenta.

Na região do Alentejo, em território nacional e espanhol, têm-se registado muitos avistamentos de animais devolvidos à natureza e, recentemente, foi noticiado um avistamento na região de Alcains. Maguilla, uma fêmea nascida no CNRLI e libertada no vale do rio Matachel, na Extremadura espanhola, é o primeiro exemplar a ser visto já em território Beirão e tudo indica que se tenha radicado ali.

Atualmente, estima-se que existam 200 linces em território nacional, a maioria na raia alentejana. Os habitats estão identificados e a população em monitorização constante. O projeto LIFE Lynxconnect, iniciado em setembro de 2020 com a liderança pela CAGPyDS da Junta de Andaluzia, no qual Portugal está integrado é um dos responsáveis por essa constante monitorização.

HABITAT

O território preferencial do lince-ibérico em Portugal estende-se do sudeste alentejano até à região interior da beira alta.

imagem noturna de um lince em Castelo Branco

Lince Ibérico captado numa câmara noturna na região de Castelo Branco

Sabugal e Penamacor querem regresso do Lince Ibérico

No âmbito do Plano de Ação para Conservação do Lince Ibérico em Portugal, existem vários projetos de âmbito ibérico e nacional a trabalhar na recuperação e monitorização da população do felino. Um dos mais recentes é o projeto Linx 2020, ao qual se juntaram os municípios do Sabugal e de Penamacor.

Este projeto visa a implementação de um sistema de conservação dos habitats do lince-ibérico e recuperação das populações de coelho-bravo nas áreas dos Sítios de Importância Comunitária (SIC), como sejam os SIC de Malcata, de São Mamede e de Moura-Barrancos, geridos cooperativamente pelos membros da parceria e cujo funcionamento permite apoiar a recuperação das populações de coelho bravo no longo prazo. É mais um pequeno passo na longa caminhada do regresso do lince-ibérico àquela que já foi a sua principal "casa" na Península Ibérica, a Serra da Malcata.

Embora o lince-ibérico seja o protagonista principal do Centro de Interpretação, na verdade, ele proporciona um conhecimento muito mais vasto aos visitantes através das diversas atividades lúdicas e educacionais, exposições, palestras, visitas guiadas e trilhos interpretativos, que permitem uma compreensão bastante completa sobre o ecossistema da Reserva Natural da Serra da Malcata.

CARACTERÍSTICAS

É um "gato grande" de pelo denso à pintas pretas, membros longos e cauda curta. Destingue-se também pelos pêlos em forma de pincel nas orelhas e por tufos nas faces.

Como chegar

Para visitar o Centro de Interpretação do Lince Ibérico, contacte a Junta de Freguesia da Malcata através dos telefones 271 615 294 | 965 087 659 | 967 933 149. O Centro está localizado na Casa do Quartel (Antigo Posto da Guarda Fiscal), na Rua do Cabeço (mapa).

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