cardos em estado selvagem

Cardo-coalheiro em estado selvagem. Foto: flora-on.pt.

CARDO, DO QUEIJO À SAÚDE

Além de ser um segredo antigo dos melhores queijos, esta planta espinhosa que floresce nos meses de verão é usada como planta medicinal desde a Idade Média.

Conhecido por Cardo-coalheiro ou Cardo-leiteiro, consoante a zona do país, o Cynara cardunculus (nome científico) é um parente da Alcachofra, pertencente à extensa família Asteraceae, que tem raízes profundas nas regiões oeste e central da região Mediterrânica, mas também pode ser encontrado em quase toda a costa atlântica da Europa, incluindo na Grã-Bretanha e na Irlanda. 

É uma planta herbácea de folha perene e flores roxas que pode atingir 1,5 metros de altura. Pouco exigente em termos de solo, é fácil encontrá-la na forma selvagem em terrenos rochosos e barrentos.

Em Portugal, é considerada uma planta autóctone. Pode ser encontrada nas regiões centro e sul do país, onde é conhecida e usada como coagulante natural na produção de queijo. As flores são colhidas durante os meses de junho e julho e armazenadas em locais secos para serem usadas durante o inverno.

O Queijo da Serra da Estrela DOP, o Queijo Amarelo da Beira Baixa DOP, o Queijo do Rabaçal DOP, o Queijo de Nisa DOP, bem como outros queijos oriundos das regiões da Beira Baixa e do Alentejo são alguns dos queijos que usam o Cardo como coagulante do leite que lhes dá origem.

flor de cardo santo

Flor de Cardo Santo. Foto: flora-on.pt.

O Cardo e a saúde

Além da utilização na produção de queijo e na indústria (biomassa), o Cardo-coalheiro é também conhecido como uma poderosa planta medicinal. Rico em cinarina, uma enzima que lhe confere um sabor amargo, em taninos, inulina, sais de potássio e provitamina A, é conhecido pelas suas propriedades desintoxicantes e indicado para problemas de fígado, rins, colesterol, gota e arteriosclerose.

Possui também uma ação inibidora do nível de glucose no sangue, o que o torna interessante para diabéticos.

Embora parentes e igualmente usados na medicina tradicional, o Cardo Santo e o Cardo Mariano possuem algumas propriedades distintas do primo Cardo-coalheiro. A principal é que não têm efeitos coagulantes.

Usados deste a idade média, acredita-se que o Cardo Santo e o Cardo Mariano são plantas galactagogas – estimulantes da produção de leite materno. Embora existam estudos que atestem esta perceção em relação ao Cardo Santo, não é recomendável o consumo de ambos por mulheres grávidas ou em período de amamentação.

flor de cardo mariano

Flor de Cardo Mariano. Foto: flora-on.pt.

No entanto, ambas as espécies possuem propriedades medicinais noutros campos, nomeadamente:

Cardo Santo (chá do caule, folhas e flores)

  • Má digestão; dor ou desconforto no estômago;
  • Gases estomacais e intestinais;
  • Diarreia;
  • Cólicas menstruais;
  • Perda do apetite ou anorexia;
  • Feridas ou úlceras na pele;
  • Gripes e resfriados;
  • Tosse;
  • Infeções bacterianas.

 

Cardo Mariano (chá dos frutos)

  • Afeções do fígado, tais como: Fígado gordo; hepatite viral; Icterícia e cirrose;
  • Ferritina alta no sangue (excesso de ferro no sangue);
  • Doenças de Alzheimer e de Parkinson;
  • Depressão e ansiedade;
  • Esclerose múltipla;
  • Diabetes mellitus tipo 2;
  • Infeções fúngicas, causada pela Candida albicans;

 

Ainda assim, ambos possuem contraindicações e quando consumidos em excesso originam efeitos secundários que podem ser desagradáveis e prejudiciais para a saúde, pelo que é recomendável a consulta de um médico, naturopata ou fitoterapeuta antes do consumo de qualquer uma das plantas, seja em forma de chá, flores, frutos ou extratos.

Fonte iNature, atuasaude.com | Fotos: flora-on.pt | Julho 2024.