É uma árvore com uma família grande. Prunus avium de nome científico, pertence à família das Rosáceas, e distingue-se da prima prunus cerasus pelos seus frutos doces e carnudos. É originária da Ásia. Na cultura japonesa está associada à vida dos samurais, é considerada bela e efémera, e até existe o costume – Hanani – de ir aos campos, parques e jardins contemplar as cerejeiras na época da floração. Já o fruto, é visto como símbolo de beleza e sensualidade. Diz-se no país do sol nascente que a cereja sabe a amor.
Em Portugal, a cereja é também um fruto apetecido e a quantidade de gente que todos os anos ruma à Serra da Gardunha para contemplar as cerejeiras em flor, além de lembrar o costume secular japonês, torna os meses de março, abril e maio numa época alta para o turismo.
As visitas e as experiências de agroturismo são uma importante fonte de receita para as economias das regiões onde a cultura do cerejal é preponderante, mas é na comercialização do fruto que está a grande mais-valia económica da cerejeira.
Em 2022, a área de cerejal em Portugal ascendia a 6,2 mil hectares que deram origem a 24,6 mil toneladas de fruto. Tanto a área como a produção têm vindo a crescer desde a década de 1990, ainda que com algumas exceções na produção, devido a fatores climatéricos. Na época 2019/2020, por exemplo, produziram-se pouco mais de nove mil toneladas.
É uma árvore que gosta de invernos rigorosos e chuvosos e para ter uma produção dita normal precisa de 800 a 1000 horas de temperatura inferior a dez graus. É por isso mais fácil encontrá-la nas regiões norte e centro interior. Cinco destas regiões têm cultivares certificados a nível nacional e internacional: cereja São Julião - Portalegre DOP, cereja de Alfândega da Fé, cereja de Penajóia, cereja do Fundão IGP, cereja da Cova da Beira IGP.
Trás-os-Montes com destaque para as regiões de Resende e Alfandega da Fé, e a Beira Interior, na região do Fundão e da Cova da Beira, são as zonas que concentram a maior área cultivada. Esta última, é responsável por mais de metade da produção nacional. Só no concelho do Fundão estima-se que a produção de cereja contribua anualmente com mais de 20 milhões de euros para a economia local.
A cereja é sobretudo consumida fresca, mas já lá vai o tempo em que era usada apenas para pôr "no topo do bolo". Atualmente, há dezenas de produtos que fazem da cereja a sua principal matéria-prima. Entre eles estão doces, compotas, bebidas, licores, gin e até produtos de beleza. Mas é na gastronomia e em particular na pastelaria que a valorização deste produto endógeno se tem afirmado. Todos os anos surgem novos sabores e texturas com a cereja como protagonista.
O pastel de nata de cereja (na foto) é um destes produtos. Idealizado pela Escola de Hotelaria do Fundão, este pastel é hoje uma marca da cereja do Fundão que pode ser encontrado nas pastelarias da cidade. E já não está sozinho.
A pouco e pouco os mestres pasteleiros locais vão inventando novas receitas. A Flor de cereja, que além de cereja tem gila e amêndoa, e a Casca de cereja, são apenas alguns exemplos da criatividade à volta do fruto.
A cereja é também um fruto com reconhecidos benefícios para a saúde. A cor denuncia-a. É um fruto vermelho, logo, rico em antioxidantes, compostos fenólicos, vitamina C e vários minerais que fazem dela um alimento de topo.
8 benefícios da cereja para a saúde
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