A oliveira (Olea europaea), é uma árvore de folha perene, de cor verde/prata, que tem no zambujeiro a sua prima silvestre. É uma árvore de copa larga e arredondada, tronco curto de casca cinzenta que tende a contorcer-se e a ganhar cavidades com a idade.
A sua floração acontece entre o final de abril e o princípio de junho, consoante a região, também a época ideal para plantar oliveiras. As flores são pequenas, de cor branca, e surgem em cachos, que dão origem à azeitona, cuja colheita se faz entre outubro e dezembro, consoante a região do país. Trata-se de um fruto pequeno, de polpa mole e caroço rijo, que nasce verde e tende a ficar preta à medida que amadurece.
A azeitona é um alimento histórico entre os povos da região mediterrânea. Pode ser consumida verde ou madura – azeitona de mesa -, após demolhada por vários dias para perder a acidez, ou moída para fazer azeite, uma das gorduras vegetais mais saudáveis e valiosas da gastronomia mediterrânica e, em particular, da portuguesa.
Nos últimos anos, o azeite tornou-se também num produto de relevo para a economia agrícola do país.
A oliveira faz parte da cultura, da paisagem e das tradições portuguesas, seja como árvore de cultivo, ornamental e até religiosa. É também um símbolo de resiliência devido à sua longevidade
A idade de uma oliveira pode ultrapassar vários milénios e em Portugal existem vários exemplares identificados que demostram essa longevidade. A oliveira mais antiga de Portugal está localizada na vila de Mouriscas, concelho de Abrantes, tem 3350 anos de idade, de acordo com um método científico desenvolvido pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Tem três metros de altura, um perímetro de tronco de 6,5 metros.
Apesar da idade avançada, que lhe confere o título de árvore mais velha de Portugal, a “Oliveira do Mouchão", como é chamada, ainda produz azeitona.
Em Santa Iria da Azóia existe um outro exemplar com 2850 anos e, em Monsaraz, uma outra com 2450 anos. Todas estão classificadas como Arvoredo de Interesse Público pelo Instituto da Conservação da Natureza (ICNF).
É difícil datar e apontar a origem geográfica da oliveira. Há quem defenda que é originária do Cáucaso, tendo-se expandido depois para o Irão, Síria e Israel. São vários os vestígios da árvore ao longo dos tempos desde a pré-história.
As primeiras evidências da extração de azeite da azeitona surgem no período neolítico. Existem provas da sua importância para as civilizações egípcias e grega. Os gregos, por exemplo, premiavam os vencedores dos jogos olímpicos com uma coroa de ramos de oliveira, simbolizando a glória.
Na civilização romana, a oliveira foi também usada como símbolo de paz. Quando Roma pretendia a paz, os seus emissários eram enviados aos inimigos com ramos de oliveira.
A paz e a oliveira têm também uma forte ligação no contexto religioso. Esta associação é atestada em várias passagens de livros sagrados como a Bíblia cristã e o Tanaque Judaico. A pomba com um ramo de oliveira no bico presente na arte cristã e nos escritos hebráicos é um exemplo desse simbolismo.
Na religião muçulmana, o Masbaha, uma espécie de rosário em madeira de oliveira, é um dos exemplos máximos da ligação entre esta religião e a árvore que ainda hoje predomina nas paisagens dos países do Norte de Àfrica e do Médio Oriente Mediterrânico.
Em Portugal, as primeiras referências à oliveira remontam ao século VII, quando os Visigodos dominavam a Península Ibérica. Nas leis deste povo, cortar uma oliveira implicava penas mais severas que as aplicadas ao abate de outras árvores.
No século seguinte, aquando da conquista da Península Ibérica, os Árabes deram-lhe um impulso, mas foi entre os séculos XII e XV, às ordens dos Reis portugueses que a oliveira se impôs na paisagem de Portugal. No século XVI, o reino de Portugal era um dos principais produtores e exportadores de azeite (nesta altura usado sobretudo como combustível de iluminação).
A história da oliveira e o seu enraizamento na cultura portuguesa está também nos vários topónimos relacionados com a árvore em Portugal. Olivais, Azeitão, Oliveira de Frades, Oliveira de Azemeis, são apenas alguns aos quaise se soma as famílias Oliveira e os nomes próprios Olívia ou Olívio.
Desde a Idade Média, a realidade do cultivo da oliveira em Portugal só mudou nas quantidades e na qualidade da azeitona e do azeite produzidos. Das mais de 60 cultivares de oliveira, quase duas dezenas são cultivadas em Portugal que, nas últimas décadas, assumiu um papel de relevo na olivicultura mundial.
De acordo com o estudo Olivum - Olivicultura, o motor da (r)evolução agrícola nacional, em 2022, Portugal era o 7º maior produtor de azeite e o 13º maior consumidor a nível mundial. Cerca de 95% do azeite nacional é virgem-extra (tem acidez inferior a 0,5%), o que faz de Portugal o país com o melhor azeite do mundo.
Em 2021, ano da melhor colheita de sempre, a produção de azeitona e azeite valeram 1.146 milhões de euros (0,5% do Produto Interno Bruto daquele ano).
Entre os anos 2000 e 2020, a área cultivada de olival aumentou apenas 7% para 380 mil hectares, mas a produção multiplicou-se várias vezes devido ao aumento da produtividade.
A produção de azeitona passou de 700 quilos para 2.100 quilos p/hectare em 20 anos, devido à intensidade tecnológica e à cultura de regadio.
Esta realidade é particularmente visível no Alentejo, onde a barragem do Alqueva veio permitir a cultura do olival em regadio, o que fez disparar o número e a quantidade plantações em sebe.
O olival da Sovena, empresa produtora do azeite marca “Oliveira da Serra”, é um bom exemplo. Com quase 10 mil hectares localizados nas imediações de Ferreira do Alentejo, é o maior olival do mundo.
Fonte Wikipedia | Instituto Nacional de Estatística (INE) | Olivum - Olivicultura, o motor da (r)evolução agrícola nacional | O Grande Livro da Oliveira e do Azeite | Ilustrações Puretugal Traditions, Freepik.com | Fotos iNature | Elementos Gráficos Produção de Azeite - INE, Mapa da distribuição de variedades de oliveira em Portugal - Recursos genéticos da oliveira e a sua preservação no contexto das alterações climáticas - António M. Cordeiro, Carla S. França Inês - INIAV, I.P.