A Paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha é criada a 16 de maio de 2014, pelo reconhecido valor e importância da sua integração na lista nacional de Sítios de Importância Comunitária (SIC) da Rede Natura 2000, como Zona Especial de Conservação (ZEC) no âmbito da Diretiva Habitats.
A Serra da Gardunha pertence ao conjunto montanhoso da Cordilheira Central, enquanto ramificação da Serra da Estrela, que se prolonga no sentido nordeste-sudoeste numa extensão de 20 quilómetros, com altitude máxima de 1227 metros, definindo uma barreira natural entre a campina de Castelo Branco e a Cova da Beira.
Esta unidade apresenta uma elevada biodiversidade, na qual é possível encontrar elementos característicos do norte, centro e sul do país. O granito, o xisto e a água são condicionantes da geomorfologia e diversidade paisagística, bem como a intervenção humana, na qual se destacam os cerejais e as áreas florestais.
Em relação à flora, na vertente norte apresenta habitats de castinçais (Castanea sativa), de carvalhais de carvalho-roble ou alvarinho (Quercus robur) e de carvalho-negral ou carvalho-pardo-das-beiras (Quercus pyrenaica) e ainda a abrótea (Asphodelus bento-rainhae), endemismo lusitano próprio deste território. Por outro lado, na vertente sul destaca-se um leque variado de matos, como os urzais e urzais-estevais (Erica) mediterrânicos não litorais, bem como caldoneira (Echinospartum ibericum), um endemismo ibérico.
Ao longo das encostas desta montanha é frequente encontrarem-se antigos soutos, cujo fruto - a castanha - era base da alimentação local. Ainda hoje, a castanha é um dos produtos endógenos da região mais valorizados. Todavia, num passado mais recente, a cultura da cereja foi ganhando peso, sobretudo, na encosta norte. A árvore, que frutifica entre os meses de abril e julho, tornou-se predominante entre a fruticultura da região e a cereja, na marca pela qual é hoje conhecida. Entre março e junho, a floração das cerejeiras origina um espetáculo natural digno de se ver. É também um local propício ao surgimento de cogumelos, tendo sido já identificadas mais de 500 espécies, alguns deles comestíveis. Os míscaros e os frades são os mais conhecidos.
Na sua fauna identifica-se a lontra (Lutra lutra), o lagarto-de-água (Lacerta scheriberi), a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), a boga (Chrondrostoma polypepis), o bordalo (Rutilus alburnoides) e o lepidoptero (Euphydrya aurinia), mas também uma variedade de aves protegidas, como o tartaranhão-caçador (Circus pygargus) e a águia-calçada (Hieraaetus pennatus).
Além das comunidades vegetais, como os charcos temporários mediterrânicos e as florestas aluviais residuais, este conjunto montanhoso tem um grande interesse do ponto de vista da geomorfologia, dados os misteriosos afloramentos graníticos de valor mundial que possui. Na segunda metade do século XX, estes afloramentos graníticos foram associados a fenómenos extra-terrestres, devido aos avistamentos misteriosos ali documentados pelos habitantes locais. Embora a ciência e a geologia tenha uma explicação para a erosão estranha dessas rochas, o carisma misterioso da serra mantém-se.
Também importante é a sua componente histórica e cultural, enquanto tradicional território de passagem, onde se encontram dezenas de achados arqueológicos, imóveis classificados, algumas Aldeias de Montanha - e Aldeias do Xisto e a Aldeia HIstórica de Castelo Novo.
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Fronteira entre o norte e o sul, a paisagem Protegida Regional da Serra da Gardunha é uma mistura de património natural e humano onde a cereja é rainha e as rochas levam a imaginação para outros universos.