Ainda pouco explorado pelo turismo, o rio Alva - afluente do rio Mondego - é um dos mais importantes rios da região Centro de Portugal. É também ele filho da Serra da Estrela, nasce na encosta norte entre as Fragas das Penas e o Curral do Martins, perto da Lagoa Comprida e, curiosamente, é o rio que recebe as ribeiras de Loriga e da Caniça, aquíferos onde existem duas belas praias fluviais com Bandeira Azul em pleno Parque Natural da Serra da Estrela.
A montante e a jusante da Barragem de Fronhas, em São Martinho da Cortiça – a única barreira artificial que se lhe atravessa no caminho -, o rio Alva corre intrincado por vales estreitos, dando origem a galerias ripícolas com elevado valor natural e biodiversidade.
Estes vales dão origem a um rio de correntes bravas muito usadas para mover as pás das azenhas construídas ao longo do leito, onde foram crescendo povoações que fazem hoje parte do património humano e cultural do Vale do Alva.
O turismo pode ter chegado recentemente ao rio Alva, mas a qualidade das suas águas cedo evidenciou o potencial das praias fluviais e zonas balneares. Hoje, são mais de uma dezena ao longo do curso do rio, três delas com o galardão da Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE).
Em ambas as margens existem vários espaços de lazer, que incluem relvados, áreas de piquenique, pequenos troços de BTT e até uma azenha, onde se pode ver como funcionavam estes moinhos de água e perceber a sua importância para a economia local.
Para quem procura uma aventura extra às praias fluviais, a grande a Grande Rota do Alva (GR51) é um bom ponto de partida (ou chegada). Com 77 quilómetros de extensão linear, divididos em cinco etapas, esta rota pedestre ou ciclável, é a melhor forma de conhecer o rio, as suas praias fluviais, a cultura e as gentes das aldeias ribeirinhas, e o património desta região que abarca as Serras da Estrela, Lousã e Açor.
Fazer a totalidade do percurso é exigente, sobretudo, no verão, mas a etapa 3, entre Côja e Arganil, com 12,8 quilómetros, passa mesmo ali e faz-se em cerca de quatro horas a pé ou em pouco menos de uma hora de bicicleta.
Ao conduzir pelas estradas nacionais do Interior Centro de Portugal, o horizonte é desenhado por montes e encostas infindáveis cobertas de floresta. Está-se na Região do Pinhal Interior, a região do país mais densamente arborizada, e Pampilhosa da Serra está no seu epicentro.
Este concelho é terreno de dois grandes rios, o Zêzere e o Unhais, ambos com barragens cujas albufeiras dão origem a habitats das mais variadas espécies de avifauna, e são um maná de diversão e frescura nos tempos quentes de verão. No entanto, no que concerne a praias fluviais com bandeira azul no concelho, o rio Unhais é o principal protagonista.
Nascido na Serra da Estrela, em Unhais-o-Velho, o rio Unhais desagua na albufeira da Barragem do Cabril, onde se encontra com o rio Zêzere. Neste encontro, os dois rios dão origem a uma ilha fluvial no meio da albufeira que apetece explorar, a Ilha dos Padrões. Mais ou menos conhecidas, encontram-se várias zonas balneares ao longo do seu leito, mas apenas duas têm a chancela da Associação Bandeira Azul da Europa.
Uma delas é a Praia Fluvial da Barragem de Santa Luzia. Localizada na margem esquerda da Barragem de Santa Luzia é um espaço perfeito para um dia bem passado em comunhão com a natureza.
Ali, além das infraestruturas exigidas é possível dar um pequeno passeio na floresta que rodeia o espaço ou simplesmente descansar na companhia de um livro à sombra de uma árvore. Para os veraneantes mais ativos, há a possibilidade de praticar canoagem – há serviço de aluguer – e pesca lúdica.
Para conhecer as margens da barragem, a sua beleza natural e avistar alguma da avifauna local, recomenda-se fazer o Caminho do Xisto da Barragem de Santa Luzia. Os seus quase dez quilómetros de extensão e as três horas de caminhada podem ser um desafio acrescido num dia quente de verão, mas, lá em baixo, a água do rio estará sempre pronta a arrefecer e a revitalizar o corpo.
Até se encontrar com o Zêzere, o rio Unhais ainda cria mais um espaço de lazer de qualidade, a Praia Fluvial de Pampilhosa da Serra. Por estar localizada no coração da vila, é uma praia com uma paisagem mais urbana. No entanto, a qualidade dos espaços e a frescura da água estão lá. De passagem ou de propósito é também uma boa opção para arrefecer as elevadas temperaturas que se sentem nesta época do ano.
Para o final, fiica talvez o melhor. Dos rios passa-se para as ribeiras, esses pequenos mas abundantes cursos de água das regiões montanhosas que originam alguns dos mais belos espaços naturais. A aldeia de Pessegueiro e a sua praia fluvial é um desses recantos.
A pouco mais de dez quilómetros da capital do concelho, esta praia fluvial nas margens da ribeira de Pessegueiro é um segredo ainda bem guardado e fabuloso para passar uns dias ou servir de base a uma visita à região.
Integrada na paisagem da pitoresca aldeia xistosa, onde fica o convite para uma incursão no quotidiano dos habitantes, é uma praia com todas as comodidades. Até tem bungalows, ainda que sejam difíceis de alugar durante a época alta devido à elevada procura.
Aproveite para conhecer as gentes e a cultura locais e percorra o Caminho do Xisto de Pessegueiro, que tem início ali mesmo na praia. Este percurso é uma amostra dos patrimónios da região. Entre Aldeias do Xisto, patrimónios religioso, arqueológico e natural, o que não faltam são coisas para ver e fazer na e ao redor desta vila portuguesa do distrito de Coimbra.
@iNature | Praias fluviais na Serra do Açor, maio 2024 | Fotos: Aldeias do Xisto, Município de Arganil, Município de Pampilhosa da Serra.